Florestas
As florestas ancestralmente têm fornecido inúmeros bens e serviços, quer de forma direta pela produção de madeira, alimentos, forragem, plantas medicinais, combustível, materiais para construção, entre outros, como de forma indireta se considerarmos, por exemplo, a elevada capacidade de fixação de dióxido de carbono, capacidade de gerar novo solo, rico em matéria orgânica, regulação dos ciclos de água, nutrientes, gases atmosféricos.
Em Portugal a vegetação potencial de solos mesófilos corresponde na sua maior parte a formações de quercínias, em formações puras (estremes) ou mistas com outras espécies da flora autóctone. Podem ocorrer, no entanto, formações florestais dominadas por outras espécies arbóreas.
A interação entre o homem e a floresta cedo se começou a fazer sentir, modificando as caraterísticas dos bosques e matas. O coberto florestal existente no Concelho é resultado de séculos de intervenção antrópica.
A afetação de solo para fins de exploração económica (agricultura e exploração silvo-pastoril) tem vindo a modificar a estrutura da vegetação presente, simplificando-a e diminuindo em termos de riqueza biológica e específica.
Tal como se verifica a nível nacional, o Pinus pinaster é a espécie florestal que tem dominado a área florestada do Concelho, embora tenha vindo a sofrer uma forte diminuição ocupando atualmente o segundo lugar na ocupação de superfície florestada, não ultrapassando os 15% de área.
Este retrocesso verifica-se por substituição pela exploração económica do Eucalyptus globulus, estando o uso do solo associado a monoculturas ou comunidades mistas dominadas por eucaliptos.
Perto de 73% da área florestal é ocupada por eucaliptais puros, aparecendo esta espécie também em formações mistas com pinhal, ascendendo a mais de 85% a área afeta a eucaliptal, segundo os dados da Ocupação Florestal no Concelho de Águeda em 2004, (Fonte: GTF, 2006).
Devido à menor frequência com que se vão encontrando no Concelho, as formações estremes ou mistas com quercínias podem ser consideradas vestigiais do que foi o povoamento florestal nativo.
No Concelho, as áreas afectas a povoamentos puros de carvalhos de Quercus robur, podem considerar-se como residuais, já que estão reduzidos a 6 668m2 (valor extraído da Cartografia oficial de escala 1/10 000, sobre voo de 1998).
A área em questão está dividida por três parcelas de terreno, sendo que nenhuma está em espaço florestal (duas em espaço urbano e uma em espaço agrícola). O Quercus pyrenaica tem um núcleo algo disperso mas interessante no Cabeço do Vouga, na envolvente à estação arqueológica.
Dispersos em zonas de floresta não cultivada, mata ou em sebes e margens de caminho podemos encontrar exemplares isolados de Quercus faginea, Quercus lusitanica e Quercus robur.
Existem desta última espécie áreas de floresta em que surgem numerosos exemplares, em regeneração natural, associados a pinhais ou mesmo outras espécies da flora autóctone.
Destaca-se ainda uma comunidade muito interessante de Ilex aquifolium nos arredores da localidade de Boa Aldeia, na freguesia de Agadão a qual, por tratar-se de uma formação espontânea, constitui uma situação única a nível concelhio.
As formações vegetais higrófilas correspondem a cortinas arbóreas em zonas marginais aos corpos de água e são vestígios de bosques ribeirinhos há muito desaparecidos para aproveitamento agrícola das várzeas e vales férteis.