2 de junho :: Manuel Alegre apresenta o seu mais recente livro de poesia «Nada Está Escrito»
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- 2 de junho :: Manuel Alegre apresenta o seu mais recente livro de poesia «Nada Está Escrito»
A sala polivalente da Biblioteca Municipal Manuel Alegre será, mais uma vez, o palco de lançamento de um livro. (...)
A sala polivalente da Biblioteca Municipal Manuel Alegre será, mais uma vez, o palco de lançamento de um livro. No entanto, este momento cultural merece destaque por se tratar da primeira apresentação literária a contar com a presença do próprio patrono da biblioteca: o Aguedense Manuel Alegre.
O livro de poesia Nada Está Escrito de Manuel Alegre será apresentado no dia 2 de junho, às 17:00, e a apresentação ficará a cargo de Paulo Sucena.
Nunca será demais recordarmos as palavras do poeta Manuel Alegre: "Entre os muitos défices que avassalam o mundo e invadem as nossas vidas há um de que não se fala: o défice de poesia. Não será possível resolver os outros sem que no cinzento de cada dia haja um pouco mais de azul, um pouco mais de poesia." Talvez aí resida uma explicação para o vertiginoso percurso de Nada Está Escrito.
Em Nada Está Escrito, recorde-se, o poeta Manuel Alegre volta a confrontar a sua poesia com as grandes questões de todos os tempos e também do nosso: o amor, o sentido da vida, a presença ou ausência de Deus e as incertezas, interrogações e angústias da realidade actual.
Sobre o Aguedense Manuel Alegre
O poeta Manuel Alegre foi galardoado, juntamente com o fotógrafo José Manuel Rodrigues, com o Prémio Pessoa 1999, uma iniciativa do jornal "Expresso" e da Unisys. É a primeira vez que este prémio, que pretende “reconhecer uma pessoa de nacionalidade portuguesa com uma intervenção particularmente relevante e inovadora na vida artística, literária e científica do país”, é atribuído ex-aequo. Pinto Balsemão, em representação do júri, justificou a escolha do nome de Manuel Alegre, que recentemente viu reunida a sua obra poética no volume Trinta Anos de Poesia (Publ. D. Quixote), por “ser uma referência da poesia portuguesa deste século” e representar “a visão de um Portugal aberto ao mundo e um humanismo universalista atento a tudo o que nos rodeia”.
Manuel Alegre, que ainda há poucos meses havia sido consagrado com o Prémio da Crítica do Centro Português da Associação Internacional de Críticos Literários, pelo conjunto da sua obra, a propósito da publicação, no ano passado, do livro Senhora das Tempestades, nasceu em Águeda em 1936 e estudou Direito na Universidade de Coimbra, onde participou ativamente nas lutas académicas.
Quando cumpria o serviço militar em Angola, participou na primeira tentativa de rebelião contra a guerra colonial, sendo então preso pela PIDE. Seguiu-se o exílio em Argel, onde foi membro diretivo da F.P.L.N. e locutor da rádio Voz da Liberdade. A sua atividade política andou sempre a par da atividade literária e alguns dos seus poemas (Trova do Vento que Passa, Nambuangongo Meu Amor, Canção com Lágrimas e Sol...) transformaram-se em hinos geracionais e de combate ao fascismo, copiados e distribuídos de mão em mão, cantados por Adriano Correia de Oliveira ou Manuel Freire.
Os seus dois primeiros livros, Praça da Canção (1965) e O Canto e as Armas (1967) já venderam mais de cem mil exemplares. Comentando o prémio, em entrevista ao "Diário de Notícias", o escritor afirmava: “Devo tudo aos meus leitores. É, sobretudo, uma vitória deles. Porque foram os leitores que, ao longo da minha vida literária, estiveram sempre perto de mim e me ajudaram a vencer várias censuras (política e estética). Expresso-lhes a minha gratidão.”
Regressado do exílio em 1974, "o poeta da liberdade" tem vindo a desempenhar um papel de relevo no Partido Socialista. Foi membro do Governo, é deputado da Assembleia da República e ocupa um lugar no Conselho de Estado, funcionando muitas vezes como uma espécie de consciência crítica do seu partido. Os livros mais recentes (note-se ainda a incursão pela prosa: Jornada de África, 1989, Alma, 1995, e A Terceira Rosa, 1998) levam-no ao diálogo com poetas de outros tempos, como Dante ou Camões, ou a refletir sobre a condição humana, a morte e o sentido da existência, de que são exemplo os Poemas do Pescador, que se enfrenta com o enigma da sua vida, incluídos no livro Senhora das Tempestades, “Senhora dos cabelos de alga onde se escondem as divindades / (...) Senhora do Sol do sul com que me cegas / / (...) Senhora da vida que passa e do sentido trágico // (...) Senhora do poema e da oculta fórmula da escrita / alquimia de sons Senhora do vento norte / que trazes a palavra nunca dita / Senhora da minha vida Senhora da minha morte.”